Crimes cibernéticos atingem 62 milhões no Brasil em 2017
“Aqui, os ataques mais comuns são dispositivos infectados por vírus, fraude no cartão de crédito, senha comprometida (de e-mail ou rede social), vazamento de informações confidenciais e fraudes em compras online, como phishing (páginas falsas que simulam sites oficiais de e-commerce)”, explica o especialista em segurança da Symantec, Nelson Barbosa.
A servidora pública Angélica Machado, 42, perdeu R$ 700 tentando comprar um celular em fevereiro do ano passado. “Fui inocente em um anúncio que vi no Facebook. O celular estava um pouco mais barato, então achei que era uma oferta”, conta. Angélica só percebeu que era uma fraude quando o aparelho não chegou e ela entrou em contato com a loja verdadeira. “Quando me disseram que a compra não existia, percebi que tinha caído no golpe”, diz.
As fraudes não envolvem apenas prejuízos financeiros. Segundo a pesquisa, cada vítima brasileira perdeu, em média, mais de 30 horas lidando com as consequências após a descoberta do golpe. O farmacêutico e modelo Felipe Augusto Lima, 25, foi informado por um amigo de um perfil falso que usava sua foto em uma rede social da qual ele não fazia parte. “Por motivos profissionais, mantenho fotos públicas no Facebook e no Instagram, mas fui surpreendido com o perfil falso”, relata.
Barbosa salienta que um dos riscos de ter as contas das redes sociais invadidas é o hábito do brasileiro de usar a mesma senha em vários sites. “Uma conta de rede social invadida é a porta de entrada para outras invasões que podem gerar prejuízo”, explica Barbosa. Segundo a pesquisa da Norton, cerca de 25% das vítimas de ataques cibernéticos no país usaram a mesma senha online em todas as contas e 65% compartilham a mesma senha para um dispositivo ou conta com outra pessoa.
O músico Rodrigo Eisinger, 38, não usa mais internet banking porque um vírus infectou seu computador e clonou a página de seu banco. “Quando o site começou a pedir dados diferentes do normal, liguei para o banco e consegui evitar que a conta fosse invadida. Depois disso, nem usei mais internet banking, nem no computador, nem no celular”, conta.
“O brasileiro tem uma propensão a adotar novas tecnologias, mas acabamos falando pouco sobre segurança digital, o que aumenta o risco de fraude”, avalia o coordenador do MBA em Marketing Digital da FGV, Andre Miceli.
No mundo
Prejuízo. A pesquisa da Norton, em 20 países, aponta que no ano passado 978 milhões de consumidores foram atingidos por crimes cibernéticos, com prejuízo total de US$ 172 bilhões.
Uma fraude a cada 33 compras
As lojas virtuais brasileiras sofreram uma tentativa de fraude a cada cinco segundos em 2017, de acordo com levantamento feito pela empresa Konduto. O estudo envolveu 40 milhões de transações e mostrou que a cada 33 compras uma é alvo de fraude.
“O cartão de crédito clonado é o principal tipo de golpe sofrido pelos e-commerces do país”, afirma o diretor de marketing da Konduto, Felipe Held. Segundo ele, nem sempre a tentativa se concretiza, já que as empresas utilizam sistemas antifraudes ou os valores são estornados pela operadora do cartão. “O cartão de crédito ainda é a forma mais segura de comprar pela internet, porque, se o consumidor pagar um boleto falsificado, o banco não consegue devolver o dinheiro”, explica.
Em Brasília, por exemplo, o Ministério Público (MP) instaurou um inquérito e recomendou que a Netshoes entre em contato com os quase 2 milhões de clientes afetados pelo vazamento de dados pessoais. Segundo o MP, o incidente afetou dados de cartão de crédito ou senhas.
Vírus podem sequestrar dados e preocupam empresas
Os ransomwares, vírus desenvolvidos por hackers que sequestram informações e cobram resgate por elas, serão o grande desafio dos setores de TI das empresas em 2018, segundo o diretor executivo da Reposit Tecnologia, Leonardo Barros. “As empresas devem manter pelo menos dois backups fora do ambiente de rede, que é vulnerável ao ransomware”, diz o analista de prevenção a ataques cibernéticos da Reposit, Henrique Ribeiro. “É importante investir em treinamento dos funcionários para que eles não cliquem em links suspeitos”, explica.
A Reposit aponta que, no país, mais de 1.100 computadores foram infectados por ransonwares em 2017, a maioria composta por máquinas de pequenas e médias empresas, além de operações em grandes organizações como Petrobras, INSS e o Hospital Sírio-Libanês.
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